Franquias em medicina?

Franquia de fast food. Franquia de tapioca. Franquia de aula de inglês. Franquias baratas e lucrativas… E agora inventaram franquia de transplante de cabelos…. Num mundo competitivo a busca pelo sucesso e pelo dinheiro se tornou uma obsessão. A vontade de ganhar mais trabalhando menos… e para isso compra-se o que já está pronto, o que está fácil, o que está a mão. Porém, em Medicina isso não pode e nem deve ser tolerado. Usar as mídias sociais como plataforma, com fotos bonitas de modelos cabeludos em ambientes luxuosos e sofisticados NÃO é sinônimo de segurança e de qualidade. A ausência de nomes de médicos respeitados, experientes, com a devida especialização nos Conselhos Regionais de Medicina por si só já denota falta de seriedade. Fotos mostrando procedimentos feitos sem um ambiente cirúrgico adequado, ausência de anestesista, “médicos” e auxiliares sem a devida paramentação cirúrgica (aventais esterilizados, máscaras e gorros) e com os pacientes totalmente expostos e acordados durante o procedimento, mostram no mínimo falta de ética e imprudência. Anunciar técnicas exclusivas, dizerem ser os melhores, os que colocam a maior quantidade de cabelos caracterizam promoção, puro marketing, proibido pelo Conselho Federal de Medicina… Fazer cirurgias de porte médio ou mesmo grande em consultórios é sempre um risco desnecessário, principalmente as de maior porte com maior volume de anestésico infiltrado. Se ocorrer uma complicação ali não haverá infraestrutura necessária para o atendimento aos pacientes. E por que fazem assim? Pelo custo. Ou melhor, pelo baixo custo… As instalações hospitalares e o uso de profissional anestesiologista competente, contratados exclusivamente para um procedimento gera uma despesa maior. Ao se “eliminar” essas despesas sobra mais para a “empresa”. A que preço para o paciente? Maiores riscos de complicações, às vezes fatais como a mídia divulga sempre que ocorre uma fatalidade. Fatalidades que poderiam ter sido evitadas ao se pedirem exames pré-operatórios, operar em local adequado (hospital), ter um anestesista presente durante todo o procedimento e a certeza de quem está fazendo o procedimento é um médico especialista. No caso específico do transplante de cabelos um cirurgião plástico ou um dermatologista. Temos visto com frequência assustadora procedimentos médicos feitos por biomédicos, dentistas, fisioterapeutas e outros aventureiros que incluem o sufixo “estético” após sua especialidade, sempre na ganância de ganhar mais às custas de leigos que enfeitiçados por propagandas enganosas, fotos bonitas e principalmente baixo custo se deixam levar, como enfeitiçados pelo canto das sereias. Para quem não sabe, os marinheiros que eram atraídos pelo seu canto e se aproximavam o bastante para ouvir seu belíssimo som, descuidavam-se, batiam nas pedras e naufragavam. No caso da Medicina esse naufrágio pode ser entre um resultado desastroso ou a morte… Sempre procurem um especialista membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ( http://www2.cirurgiaplastica.org.br/encontre-um-cirurgiao/ ) ou da Sociedade Brasileira de Dermatologia ( http://www.sbd.org.br/ ).